Quero abraçar
Mas sou um cacto
Solidão media o pacto
Preso à pele, pó compacto
Será que acabei me apaixonando pelo amor?
Corpo sinuoso, insinuante
Fala sinuosa, insinuante
Deixa a maciez de seus lábios ser meu alimento
Antes que tudo tenha gosto de máquina...
A paixão está nos matando
Coração batendo no peito
Orangotango, gritando
Encontre o leão nessa selva de linhas
Sua mão parece que não tem final
Acena o sol no começo da rua
Meu corpo contigo é carnaval
Contido num riso sincero
Me perco só de mordiscar
A ponta do meu lábio em meio
Ao seu a cantar, ao contar
Encanta e me tira os sentidos
Embora tão forte o que sinto
Inseguro à segurança de teus lábios a valsar
E sua silhueta a tingir o solo de sombras que
Não mais cabiam nos mistérios de seus olhos
Feliz ao notar que ao bruxulear das luzes
Sua sombra me beija apaixonada
Recepção ao mito da caverna
Nossa caixa postal é um quarto de motel
Sou seu sexo 0800, deixe seu recado
Vamos quebrar juntos
Selos e sigilos
O que é o Belo se não o mais Terrível? - Rainier
Ácidos, assíduos e repugnantes
A seiva de teu seio me alimenta
São tão doces teus frutos
Várias línguas, é torre de babel
A luz não pisca, nossos orgasmos as ofuscam
Não confunda com vínculo os vincos que tu faz na minha roupa
Minha lua é uma laranja mordida
Ainda em casca
Você e seu humor cítrico
Sua ausência cáustica
Amarga minhas noites
Sintetizei amor sem pensar em antíteses
Amor não dói, é companhia à sombra
Não sobra dúvida que nada era real: fui assombrado
Engraçado eu ser pego num joguinho de luzes
Que vem e vão, piscam
Explosão de serotonina, sinto o gosto
Propaganda corporal enganosa, fúnebre processo mesquinho
Sei como age, naja, inoculo o que tu exala
Dei aula na sua sala, só sua falcatrua nua lhe vendava
És vendaval, festival, tudo deixa bagunça
Eu junto meus cacos e a maldita jagunça
Vem exterminar. Com o ex terminar.
Um dois três pra eu pensar, fantasiar nois num bar
Viajar, embriagar, filhos, sabe? Uma vida criar
Oculta vilania inocente, o lado puro no fundo da sua mente doente
Que embora presente, não tente ou intente ou entenda que:
Eu odeio você!
Uma parte sua mora aqui
Nela faço ferver desde que
Passei pelo inferno, voltei vermelho
Não sei se sou Hellboy ou homem sem medo
Advoguei pro diabo
Cobrei treze almas
A sua faz parte da caça
Tão perigoso quanto um tango em Paris rodeado por câmeras
Indecência em cada faísca da centelha
Em órbita a excência, perfume de rosas me ensinam
Em ver quão nocivo foi respirar a essência de teus rolos
Tóxicos como papiros das tumbas
Me limpo
Isto era eu,
um pardal.
Fiz o melhor que pude;
adeus.
- William Carlos William
Nenhum comentário:
Postar um comentário