20 de junho de 2020

Avalanche

Minha saudade é um texto vazio
Guardado num castelo sem paredes
Dentro de um baú infesto de cupins
Avariado quando te fostes, esperança
Minha saudade é uma esperança vazia
Gritada ao fundo do poço
Encharcando meus ouvidos de sede
Quando brinca de imitar tua voz
Minha saudade é uma voz vazia de esperança
Já não mais fala, sussurra
Tento poupar as paredes
E te olho de cima do muro
Minha saudade é a voz vazia de um muro com esperanças
Que casos assim diz ter milhares, sossegue
Manda-me abrir a janela
E observar o céu por uma noite onde se hasteiem novamente duas estrelas
Mas minha saudade, tão doce, só me deixa enxergar quem éramos.







14 de junho de 2020

Memórias semi póstumas

Olha... mais um texto sem eira nem beira, sem começo ou fim, tudo pelo experimentalismo preguiçoso... vocês tão meio abandonados, fala a verdade, meu amigo? Prometo voltar a trabalhar mais os textos antes de jogar aqui.



Não sei se é Covid ou apenas gases, mas aquela coisa de que no final da vida tudo se esclarece e vc enxerga a verdade: balela. Ou não tô morrendo como aparentemente aparento pela aparência. Como sou eu deitando hoje: pareço qualquer pessoa baleada se arrastando num filme de bang-bang mais realista. A dificuldade em respirar mais fundo não me incomoda pq durante a infância eu comi bronquite no café da manhã. Não vai ser um ofegar que vai jogar água no meu chope.
Esse seria um ótimo momento para uma propaganda sobre alguma marca de cerveja. Mas embora eu talvez esteja partindo sem nem mesmo uma mensagem bonita a deixar, me pergunto sobre a minha marca. O que deixei aqui. Perco e não perco muito. Abro no cofre das lembranças tudo o que de valor tive e os sorrisos ofuscam visão e dão eco a si mesmos.

Há tanta coisa me fazendo rir e não posso... cada retumbar de risos em minha barriga trás uma chuva de flechas de dor, cada uma apontando para uma possibilidade de inimigo (lembram? Covid ou peido? Filosofar isso é o lacrar de Shakespeares desta geração). Rir pra dentro me trás um lamentar. Não que eu precise trovejar minha saborosa risada para o banquete infeliz que é a vida seja menos sem sentido. Ela tem até sentido: o que cada um dá. Eu não tive tempo de descobrir quem sou, então não encontrei o sentido da minha. Mas o sentido que eu dei é hoje silenciado por ataques de covid/peido. MANO, NÃO DÁ RAIVA? OLHA COMO EU TAVA INDO BEM, OBSERVANDO E TENTANDO DAR SIGNIFICADOS À VIDA. MAS PARECE QUE ELA NÃO TÁ NEM AÍ PARA OS MEUS PLANOS, NÉ? NÉ?

Pontada aguda no peito. Incomodo nas costelas e pressão no ombro. Falta de ar, tremor, suor e medo da morte. Derrubo tudo ao meu redor como se quisesse companhia lá do outro lado. Choro. "Me senti preparado o dia inteiro, mas não imaginei que me fosse com tanta dor!". A ambulância tá chegando. Preciso ir ao banheiro mas não consigo me mover. Acho que vou mijar aqui mesmo.

Eu até parei de discutir pela internet! Todo mundo aqui é o trovão da razão nos argumentos, exige ao outro escrever bem. Geral é os Mozart do keyboard. Só comentei sobre isso pq quero popularizar a gíria Mozart do keyboard. Alegria!

Eu não vou ter tempo de colocar meu projeto que criei nesse instante que se baseia em um reality show para esses tempos de quarentena chamado: "A caixa" e o logo tem a imagem de uma caixinha de biscoitos. Serão doze convidados que passarão por provas onde terão que biscoitar de maneiras diferentes na internet. Então quem tiver menos pontos juntando a biscoitação + um multiplicador de pontuação que se ganha a cada prova, é eliminado. E ganha umas bolachada na cara só pra zoar com eles mesmo. Zero objetivos.

- E você por acaso acha que estava alguém acordado quando fecharam o roteiro de Rambo? (fala que vou tentar incluir em algum filme)


Deixa eu disfarçar que não conheço esses primeiros parágrafos. Vou até mantar distância... é bom não dar intimidade pra louco.
Não é engraçado? Nós racionalizamos o nosso redor por meio de nossa linguagem. Mas: O que seria para a linguagem a própria linguagem? Tipo: o que seria para o "Apagar" ser "apagado".
Hoje estou na metade do livro que ela sempre me indicou. Hoje situações indicam quem se importa mesmo. Nossa cultura é quase toda importada e sem importância.

Alguns de vocês estou me lembrando, outros quero que atravesse ao meu lado esse desconhecido, mas é tudo tão presente...


Vontade de melhorar logo só pra trazer a mensagem da recuperação falando: "Relaxa, galera! O pai é ungido pra caraiooooo!!"

Google pesquisar sintomas: é, você pegou ataque cardíaco, rapaz
Ataque cardíaco, Gugla? As sintoma ?bate
!Bate
Meu Deus! Então eu vou morrer? Google pesquisa:
Você já está morto.

Instrumental de um órgão. Criação: Raul Seixas
Agora que aprendi a tocar uma mulher
Os nossos líderes vinham em Frotas, homens se achando Rambo
Protegidos sob a saia: tua mãe chora por te ver


Tenham mais auto-estima quando morrerem!! Sem essa de se arrepender de não ter feito as pazes com outra pessoa. Mentaliza comigo: "Eu morri sem vocês. Será que vocês conseguem viver com culpa e sem mim?"
- Miguel Coach

Meu, eu morri sem ler o livro que Tim Maia indicava!  Leiam o Universo em Desencanto

Ps: Não morri. Este João sem braço ainda se prostrará muito de 3 nessa vida.

2 de junho de 2020

Como matar uma borboleta

Observando seu voo
A sensação que dá
É de sentir um tremor nas pernas
E por alguns momentos, as esquecer

Quando você sente a liberdade
E a sensação do mundo que ela possui
Você só fecha os olhos
E dentro de você
Há o bater das asas e suas cores
O vento que sugere novos caminhos
E a real razão em voar de flor em flor
E isso não se esquece fácil

A vida nos promete o ovo, a larva, a pupa... e depois?
Um piscar de olhos, um bater de asas, uma lembrança...
Digerida pelo casulo do tempo em que não soubemos voar