20 de setembro de 2020

Shotgun

Tenho mais livros que amigos

Numa prateleira vazia

Logo, não tenho amigos

E meus "livros" são poesia

Então minha vida é uma farsa

Comédia trágica básica

Metamorfoseando letras como Kafka

Com ilustrações de Basquiat

Cartaz na minha nuca

Minha família me procura

Não me acha, sou artigo indefinido

Causo dor de ouvido

Caos dos renascido

Sou captcha, robô provando sua humanidade

Me diz: quantas vezes errou?

Quantos dedo apontou?

Gira seu dedo aqui, sou apontador 

Sente a dor da ponta no dedo

Da sociedade que desapontou uuh

Sou solitário

Somos souls em aquários

Que formam bolhas de sabão

Nos oferecem escolha da marca

Dando opção de sim ou não

Mas pra mim sei lá se sim

Só sei que aqui é não

Pensa no seguinte

Dez e dez são vinte?

Menos, mais, vezes, dividir

Mais vezes ao menos dividir

Não parece uma conta mais completa?

Pula no banco carona do poeta

Da caneta semiautomática

Da mente semianalfabeta

Dando a letra sem chegar até o ômega

Desculpe, ainda tô na fase Beta