29 de junho de 2021

Coleção preguiçosa de trechos antigos ilustrando os caminhos do amor

Quero abraçar

Mas sou um cacto

Solidão media o pacto

Preso à pele, pó compacto

Será que acabei me apaixonando pelo amor?


Corpo sinuoso, insinuante

Fala sinuosa, insinuante

Deixa a maciez de seus lábios ser meu alimento

Antes que tudo tenha gosto de máquina...




A paixão está nos matando

Coração batendo no peito

Orangotango, gritando

Encontre o leão nessa selva de linhas



Sua mão parece que não tem final

Acena o sol no começo da rua

Meu corpo contigo é carnaval

Contido num riso sincero

Me perco só de mordiscar

A ponta do meu lábio em meio

Ao seu a cantar, ao contar

Encanta e me tira os sentidos

Embora tão forte o que sinto

Inseguro à segurança de teus lábios a valsar

E sua silhueta a tingir o solo de sombras que

Não mais cabiam nos mistérios de seus olhos

Feliz ao notar que ao bruxulear das luzes

Sua sombra me beija apaixonada

Recepção ao mito da caverna



Nossa caixa postal é um quarto de motel

Sou seu sexo 0800, deixe seu recado

Vamos quebrar juntos

Selos e sigilos

O que é o Belo se não o mais Terrível? - Rainier

Ácidos, assíduos e repugnantes 

A seiva de teu seio me alimenta

São tão doces teus frutos

Várias línguas, é torre de babel

A luz não pisca, nossos orgasmos as ofuscam



Não confunda com vínculo os vincos que tu faz na minha roupa

Minha lua é uma laranja mordida

Ainda em casca

Você e seu humor cítrico

Sua ausência cáustica 

Amarga minhas noites

Sintetizei amor sem pensar em antíteses






Amor não dói, é companhia à sombra

Não sobra dúvida que nada era real: fui assombrado

Engraçado eu ser pego num joguinho de luzes

Que vem e vão, piscam

Explosão de serotonina, sinto o gosto

Propaganda corporal enganosa, fúnebre processo mesquinho

Sei como age, naja, inoculo o que tu exala

Dei aula na sua sala, só sua falcatrua nua lhe vendava

És vendaval, festival, tudo deixa bagunça

Eu junto meus cacos e a maldita jagunça

Vem exterminar. Com o ex terminar. 

Um dois três pra eu pensar, fantasiar nois num bar

Viajar, embriagar, filhos, sabe? Uma vida criar

Oculta vilania inocente, o lado puro no fundo da sua mente doente

Que embora presente, não tente ou intente ou entenda que:

Eu odeio você!

Uma parte sua mora aqui

Nela faço ferver desde que

Passei pelo inferno, voltei vermelho

Não sei se sou Hellboy ou homem sem medo

Advoguei pro diabo

Cobrei treze almas

A sua faz parte da caça 



Tão perigoso quanto um tango em Paris rodeado por câmeras

Indecência em cada faísca da centelha

Em órbita a excência, perfume de rosas me ensinam 

Em ver quão nocivo foi respirar a essência de teus rolos

Tóxicos como papiros das tumbas

Me limpo


Isto era eu,

um pardal.

Fiz o melhor que pude;

adeus.

- William Carlos William

17 de junho de 2021

Tecnicamente insone

Certo, tentemos não ser honestos:
Tenho um demônio manifesto
Mefisto, o nefasto
De quem me visto e me faço
Infesta do que digo ao que traço
Incenceia meus passos por campos vastos enquanto piso com pés descalços
Um show pirotécnico. Sem ingresso?
Faça parte da fogueira!
A minha pira é tu na pira
Te apagar só na paulada 
Ops, esqueci de acender o fogo, meu povo. Vambora de novo?
A chave vira e tudo fica preto
O motor vibra, combustível preenche as veias
Bile na bic do vil patife
Pois é, tenho nada além disso pra ti, fi
Te vi e nem notei, eu já disse
Tu é figurante e eu herói dark de história da DC
Tu homem formiga: pisei e nem... vi
Não sei se neste momento estou acordado ou dormindo
A última lembrança é de vc ter começado a falar e tudo sumindo
Divorciei dos significados, sempre tô puto
Puta! Tu nunca vai me ver num estado civil
A mente tá sempre no cio. Crio!
Creu. Velocidade 5, sem dança 
Ganho corrida desde esperma
Não tô pra perder pra criança
São, sou plena confiança
Pra sua, não dá. Pago fiança neuronal se tu formar
Uma frase que tu consiga juntar o cre com o cra
"Crecra"? Quem no período cretáceo te ensinou a pensar?
Meus professores são inomináveis!
Seus antecessores, incomparáveis!
Eu, o viajante do futuro
Os orientei, eram todos tão amáveis!
Entende agora como agem
Se bem lubrificadas as engrenagens?
Então não culpe os mecânicos
Em um racha comigo tu racha e eu só me racho 
Entre o de cima e o de baixo
A questão não é saber quem atinge
Estive nos dois, em qualquer encaixo 
Então sossega o facho, se não é clinch
Te dou quinze de vantagem pra tu começar. 
Pronto? "Lá vou eu", grito lá pro fundo
1, 2, 3 palavras escritas nas linhas?
Com uma ou duas linhas, grito: salvo o mundo

Esquece rimas. Quem precisa de rimas? Rimas rimam com o que? Com Rimas?
Prefiro as imagens como ecos degladiando tua mente como a vingança dos clones. 
Todo dia martelando tua memória num eterno Djavu
Grudando igual chiclete na tua mente, como quando rimam Djavu e Djavan
E deverão se manter presas, como os filhos de Jair

8 de junho de 2021

Substantivo vs adjetivo

 A vida me ensinou a correr e me deu a pista

A bateria de 100 metros rasos

Foi trilhar sentimentos de narcisistas


Bom de arte? Não. Bom de marketing

Rosto padrão pra todo casting

Sem função ou sal no acting

Sua cena causa react 

Por conta dos deslikes

Abro a boca, atraio mics

Fecho a boca, gero fissura por pipes

Juro, é quase pornográfico!

Mas pq não gero tráfego?

Ligeiro no tráfico: informação

Odeio o hype, e sempre odiei

Mas gerei comentários por locais dos quais passei

Tu se diz um artista. Te aponto, digo: hey

O rei está nu! Máscaras derrubei

Me debulhei. Você ainda é Barbie na caixa de Ken?

Dica hein: a ferradura não dá sorte

É outro o casco que move o palco além

Cavalgo 300 cavalos de perspicácia 

Sobre tapetes persas

Abra os olhos pro céu e me veja: sou Pégaso

Tu não entendeu o preambulo?

Volte pro teu estábulo

Você se vende por inteiro

Seus talentos? Só apartes

Tenho vários lados

Você só tinha um

Me recolhi em mim mesmo e pergunto:

Te sobrou algum?

Quando perguntam onde está seu antigo gênio

Como você explica

Que se queimou com a lâmpada

Foi pra cadeira do eletricista

Te trombei no mercado, atrás da sua camisa tava escrito: artista

E o "posso te ajudar?" na cara de pena de todos a vista


3 de junho de 2021

Artista - Propor/eco

"Artista, se vc pudesse ser um artista, qual artista vc seria?"

"Não me escreva até que tenha algo da alma"

"Cansei de suas cartas cheias de palavras para me dar um oi"

"Cansei dessa sua mudança de letra. Gostava quando vc era A, não agora que vc finge-se (sic) B ou até mesmo uuurgh (sick) C."

"Eu gostava quando vc era espelho, me incomodei quando vc passou também a refletir"

"Eu gostava de cansar de olhar bundas nas ruas"

"Cansavas de repetir. Diz: gosto. Digo: meu"

"Eu não entendo o que vc amava ao sentir desse jeito, ao expressar, ao falar, ao..."


PROPOR


Você pensa propor uma reflexão a vidros inflexíveis 

Vivemos a transparência! Somos parte do aparelho, paralizados e cínicos, em uma arcada dentária que eternamente sorri

Mas não possui voz. Nada produz. Nada produz.

Finge estar a sorrir evocando bruxarias para dormirmos enquanto nos deterioram: bruxismo social


ECO

"Artista, se vc pudesse ser um artista, qual artista vc seria?"

"A arte deve ser algo maior." Então aumentei todas as fontes, e ele me olhou e disse: é isso. Pois ele mesmo não compreendia o que era uma arte maior nem de onde ela vêm

"A arte deve ser um ataque ao status quo." E então mandei um torpedo, que cruzou as redes e acertou em cheio o inimigo. Ele não compreendeu as mudanças entre 0 e 1.

"A arte tem de vir da alma." Aguardamos por algum tipo de manifestação metafísica e, ao findar de 113 anos de aguardo, quando conseguimos sentir a verdadeira fome, ele mesmo pegou o caderno e escreveu:

"Vamos comer?"

E então, eu o sagrei um artista