25 de dezembro de 2014

Folhas

Uma folha de papel pautado. Ela está limpa, virgem. Ela não exige, mas deixa um espaço para datas, pois adoraria poder lembrar o dia em que foi riscada pela primeira vez. Ela não esconde nenhum mistério, frente e verso são o mesmo. 
Possui margens. Talvez seja medo de que ela possa perder algo que por acidente possamos escrever fora de seu domínio. Ela possui linhas, logo, me aceita.
Ela quer uma história, escrever apenas uma linha a faria parecer desproporcional aos seus finos caprichos. Já escrever muito a excederia e faria parecer insuficiente ao enumerá-la mesmo que como folha nº1.
Ela exige consciência, palavras e letras. Borrões a fariam apenas ser esquecida sob a urgência de marcá-la inconsequentemente. 
Eu arrisco, e a risco, com cuidados suficientes para não a marcar. Não se trata de um pavor feminino, é só que ela odeia orelhas. 
Encerro, ela não me julga. Ao contrário, sente-se feliz. Ela tornou-se única. Ela agora tem uma história. Ela agora é uma história



21 de setembro de 2014

Metalinguagem

Uma hora da manhã. Preciso de um texto. Preciso voltar a criar textos. Preciso voltar a escrever. Não, preciso voltar ao tempo e aprender a escrever!

Mas serão vocês capazes de ler o que eu escrevi? Não no blog, nada escrito, nada documentado. Me refiro à intenção. Vocês sabem ler as entrelinhas? Compreenderão minhas deixas?

Droga, me distraí... Sério, preciso de um texto. Mas falar sobre o quê? Comentar sobre quem? Vou objetificar uma idéia ou alguém? Hmm, já sei: que tal uma antítese? Sim, uma antítese ao texto "Por fora da caixa agnóstica"! Era a sua idéia, não era? Pegar os leitores pelos calcanhares alguns dias após sua leitura?

Esquece, ninguém lê isso aqui... Bom, ao menos isso lhe livra de pressões. Sim, um campo livre de julgamentos, sem ninguém para julgar o chão após idéias serem colocadas goela abaixo... Que tal um haikai? Você nunca tentou um desses, não é? Anda, você está sozinho. Aposto que é isso o que todos fazem entre quatro paredes quando ninguém está olhando.

Quem à paz chega
Interior acalma
A Globo mente.

Mente tanto, que a novela das oito passa as nove. Ou talvez o jornal seja a própria dramaturgia. Alguém mais lembra dos 20 centavos? Aquele capítulo tinha versões diferentes ao vivo e na TV. "Eu estava lá" - Marcelo Rezende. "Nada novo ao horizonte" - Não lembro.

Duas horas da manhã, nada de texto.Vou continuar ponderando banalidades, como o desafio que se é montar um Haicai com a letra "Y" fora de uma palavra, ou vou escrever algo reflexivo, que mostre um caminho para a transcendência humana? Hmm, espera um pouco, transcender: ultrapassar, ser superior a. Hmm. Trans..cender, hmm. Trans..sexual, hmm.. Trans..porte público MERDA..

Três horas, tic tac, três e quinze, tic tac. Não o doce, e sim a onomatopeia.Você sabe, o au au do cão, miau do gato,  ou o toc toc da batida na madeira. Aliás, vocês sabem como um mudo com síndrome de TOC constata a doença ao médico? Batendo 3 vezes na porta! Sério, não é maldade. É um modo de se identificar a doença, esses tipos de rituais, manias, etc.

Quatro e quinze, quatro e meia, o relógio já está chegando a sua quinta batida. Parece uma balada, a cada nova batida, mais zonzo eu fico. Vou chamar esse relógio agora de relógio bacardi.

Cinco horas, cinco e quinze. Juro que minha figura no espelho deu uma piscada para mim!! Mas quando fui olhar novamente, eu nem estava de olhos abertos... Me levantei da cama, lavei meu rosto, olhei pela janela. Não havia, de novo, nada ao horizonte. Não sei onde está você, melhor voltar a dormir...