6 de janeiro de 2021

Inutilidades

 Eu conheci as flores

Por algum tempo, falei sua língua

Semente de todos os amores

Efemera, defronte ao fogo invísivel, míngua

Mas quanto durem, sorriem para o céu

Objetivas, destinam-se ao sol

Subjetivas, existem sem saber 

Concluímos nós: carícias ao olfato

Nós, reféns de sensações

Quando não sequestrados em atividades

Que nada fertilizam

Uma vez, vesti uma flor em meu bolso

Ou teria a flor se vestido de mim?

Elas não se enfeitam, apenas… são

E a isso buscam as abelhas

Não importa...

Sei que, naquele momento

Por alguns trocados, ambos estavamos mortos

Mas quem se importará conosco

Quando ventos sopram perguntas:

De onde vens? Onde vais?

Mesmo que ela saiba todas as respostas

Somos surdos à brisa e seus sarcasmos...

Suas pétalas frágeis, raízes resilientes

Seu doar, sem ego, em atrito com o vento

Voa um dente de leão

A natureza a todo momento ruge

Para ao fim, adornar o túmulo de mais um poeta

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