17 de maio de 2022

Qual é seu vício?

 Sou uma valente bolha de sabão com escudo de papel bolha

Uma parte de mim quer soltar a loucura
Me manter alerta é minha última barreira
Represo gritos
Desejo de ensurdecer o mundo
Sinto que meu âmago agora voltou pra semente
Um ponto em meio ao peito
Que no balançar da jangada, tento não tombar
Mesmo que alguém conseguisse plantar
E não esquecesse de regar minhas folhas de pranto
O meu resto, erva daninha
Povoaria os pastos de...
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Partes não nobres
Gordura da alma
Projeto minha maldade, reflexo da nata
Refletindo tudo o que passei
Longos meses em silêncio
Abandono projeções, me solto
Pulo do céu vazio em que estava
Corto o cordão umbilical dessa tirolesa emocional
Entender que são cócegas
Que não afetam minhas leis
Sou meu próprio juiz
Me lembro de cor de cada erro
Forço pra lembrar acertos
Não empatizo com meus próprios problemas
Guardo espaço, e no vácuo me perco ao redor da atmosfera do sofrimento alheio
Caixa torácica é Pandora, não tenho esperanças de achar algo bom no interior
Caixa craniana é Marte, tô em guerra aqui dentro
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Esse texto foi o momento de ruptura. 
A primeira parte foi de um eu corrompido ainda tentando se esquecer.
Ontem a crise quase o matou.
Foi a tempestade me fazendo perder meus dias. Tempestade de onde surgiria um arco íris se eu não tivesse tornado tudo noite.
Hoje, sem visão, perspectiva, não sei onde encontrar o pote de ouro.
Preciso reencontrar a beleza. Preciso reencontrar o amor. Preciso chorar muito, muito, por tudo o que me machucou e eu nem mesmo dei atenção
Piso pela segunda vez em meu próprio rio, e embora águas passadas não movam moinhos
Não reconhecer a fonte de tudo seria me afogar no seco eternamente...


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