25 de janeiro de 2019

Existência

Quando comecei a escrever, eu não via ainda qual seria o destino
Nem que as palavras que uso começariam a me carregar
Para outros lugares. Lugares nos quais nunca estive.
E então era a rotina de descarregar as malas
Olhar o sol, passar protetor
Perguntar se há Wifi
E num acesso de fúria, masturbar-me
Ainda não catequizaram meu sexo
E fico me lembrando de como era. Como é. Como pode ser.
Mas olho para os lados e só vejo meus próprios braços, as mãos são a luz no fim do túnel que
Pode trazer a esperança de um abraço seu
É. Rotina, costumes
Tudo pautado por cada um de nossos receios
Eu me afundo em medos
O medo, por sua vez, tranquilo, boia
Eu queria ser como o medo. O medo não faz barulho
Quem faz o barulho somos nós
Um tiro e o medo não pode mais fazer nada com vc. Um tiro tira o medo da jogada
Tem de ser certeiro. Um só.
E depois apenas observar a fumaça
Saindo do cano,
Direto pro crânio
Um túnel em meio aos seus miolos
Que leva até regiões distantes, e ainda assim, próximas
Morte ou estado vegetativo
Não é uma escolha
É compulsório! Enquanto compulsivo vc tenta encontrar alguma metafísica
Vc ter se achado o centro de tudo, tornou metalinguagem
Alguém vê que tudo é tão igual
Que semana passada, o mesmo aconteceu há 200 km daqui
E ele também se chamava Daniel
E ele também tinha uma pistola
E ele também era seu próprio deus. O deus Daniel. Vocês bateram no peito juntos, e então viraram pagãos
E então, foram expulsos de seu paraíso.  Quantas luzes ainda restam para apagar?

A noite já não te obedece. Lamente-se como um lobo
Mas não antropomorfize-se
Você era tudo em seu mundo, então não haverá para quem se lamentar
Ou lamente que eles subiram muros
E havia flores e mais flores em seu jardim, você sorria pelas manhãs
Parecia sempre tão feliz: quem diria...
Que aquela alegria que não cabia em seu sorriso, se limitaria a um caixão
Mogno. Pedido seu. Parcelamos a contra gosto. Será lembrar 12 vezes o preço da sua dor

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