14 de janeiro de 2019

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Quero morrer sem nem mesmo saber o motivo
Ando meio desligado, sem saída, na beira do abismo 
Vivo me equilibrando numa vida que é tão, tão
Distante de tudo que eu imaginei viver aqui 
Cinza, o doce sabor do cigarro em minha boca vermelha ocre, sangue
As marcas que você deixou no corpo combinam com as marcas de dentro
Fora, dentro... já não há mais diferença
Não me tire o significado que é sofrer dentro da minha cabeça 
Cada sinapse transporta milhões de versões de mim 
Cada reflexão traz à tona a verdade de que eu já morri tantas vezes
Que eu não lembro mais como é renascer das cinzas
Mas sei que sou só... pó
E o vento me arrasta pra lugares que eu não deveria ter ido 
Não tenho escolha, pareço tão leve por fora, embora o espelho tenha muito, muito menos que 50 tons da minha pele
Sou meu próprio elo perdido
A ligação já não faz mais sentido 
Eu quero recriar lugares e memórias que eu nunca tinha vivido 
Porque é isso que me deixa viva, saber o que eu podia ter sido 
E sofrer pela falta das lembranças que não são minhas
Me deixa, me larga, me afasta do passado 
Eu só quero saber como é poder estar presente 
Ser inerte ao momento que me rende 
Várias histórias que são cortadas em correntes 
Em todas as histórias, não sou protagonista
Minha terapia me amarra ao meu pior inimigo
Refém do próprio abrigo, me lembre da chuva
Pensamentos formam poças que me afogam, seus filhos pulam em cima
Meus filhos já não nascem, higienização de minha prole
Que nasce de utopias em pensamentos sobre você
É que hoje eu acordei com uma sensação de liberdade
Pra fazer aquilo que me desse vontade 
E essa sensação só pode ter vindo de você 
Que revela meus piores medos
Ao mesmo tempo que estoura no meu peito 
A genuína vontade que eu não tinha de viver







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