5 de abril de 2019

Ladrão noturno

Te pergunto: qual a sensação?
De sentir a morte passar pelos seus dedos
E literalmente, comer da tua mão
Você, emissário da morte
Sem capuz
O capuz sempre sobre a vítima
O maldito capuz
Seu medo são olhos que nunca poderão te reconhecer vivos?
Ou olhos que poderão te conhecer?
Os gritos da boca não acordam sua piedade, apenas os da alma, não é?
Sua alma grita a cada projétil deflagrado
Ela ficou rouca, muda. Muda! Há tempo.
E se os novos sapatos apertarem seu calcanhar, pense como eles irão laciar
Como vc e ele vão se laciar
Ainda há uma chance
Uma só. Uma para cada caminho. E cada caminho, tem milhões de escolhas. Cada escolha te pressiona de uma maneira que... você segue mudo
Mudo não pela presença de seu silêncio, mas sim pela ausência dele
Te falta silêncio e isso te é insuportável
Isso te faz querer matar. Mata!
Não perca tempo: mata.
Mas mata agora sem capuz
Seja um assassino justo
Se um dedo seu recuar enquanto estiver olhando meus olhos, sabemos o que vc não é
E sabemos o que eu não preciso ser
Em um momento da vida, nós nascemos
Uma parteira nos dá o primeiro tapa para chorarmos
Nossas mães batem nas nossas costas para gorfarmos
Alguém bate em nossos corpos pq pedimos
E queima, e dói, e excita

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