24 de maio de 2024

Rena

 Tampei com terra esse buraco 

Da areia movediça onde é o fundo?

Caí bem no formato do espelho, paisagens

Tem suas miragens. Meu Sansara:

Imagens transpostas em vultos 

Ver os monstros na luz não dá medo

Cenografia e iluminação vinham da minha lente, da alma

E se eu não enxergo as sombras, farpas piso por calos

Batem forte até que furam, chagas limpas à pulso

Facas cegas de uso

Sangria emocional

Nunca vi tanto vermelho a frente 

Desce grosso, algo emperrou minhas comportas

Meus olhos no ponto morto

Não regam mais ramos de Vidas Secas

15 de setembro de 2022

Cartas sem destinatário

Traz a grua
Me liga ela de cinta
E charme
Só trago a lua
Sou Méliès,
Aspiro vintage
Tudo a meia luz... (É. Ela é toda a luz)
Primeiro take é perfeito
A sétima, arte
Ela é um thriller conceito
Uma comédia de tarde
Minha maratona perfeita
Felicidade na minha colheita
Maldita seja! Beijos som cereja!?!?
E
Rosas são vermelhas
E
Pobre de quem descreva
E
Métrica mudou, iih...
Lúdico, fungido a um pudico fingido
Vermelhos sem maquiagem
Caiena, olhos àditos
Tons oblíquos
Dom profícuo
Síndica arquiteta do triplex na minha libido (motivo)
Caí na dessa morena
Baile no meu sistema
Sem frame, soul quente
Tô na direção da exigente regente
De repente, repente, samba, jazz
Delinquente eloquente
Rasta as vista pique bordão "asta la vista"
Baby? Quem me afastar de ti queime
Cocaine, forte o que se abstém
Sou hamster no labirinto de dopamina
Formado no atrás de cima da minha retina
Deslizo a colina da tua coluna
Colombo
Eu me esquecer é só pra descobrir toda de novo

13 de setembro de 2022

Zoológico

 

Sua carga é pesada
Não sou tua mula, e
Conheço as onça, e
Cansei dessas lágrimas de cor colírio
E se tu tá cego, olha da minha lente
Tá tu me rodeando, serpente
Em serviço, servente, sirvo
Me manda deixar a mesa
Sob ela, chicletes, nos prendem nela
Sobe nela, e
Sua carga é pesada
Artilharia é bravata
Depois se esconde
Se enterra, tipo racoon na mata, tá?
Até ninguém mais lembrar de ti...
Sua carga é pesada
Não sou tua mula, e
Conheço as onça, e
Cansei dessas lágrimas de cor colírio
Bird mãe, dá tudo da boca pro filho
O retorno é vômito ou regurgito?
Qual é o preço de um estranho no ninho?
Não te quer em natura então pisa
Tu só serve suave, igual vinho
E lágrimas na taça
Que ergue, glória máxima
Que vida gore, elástica
O que importa são as aparências
Urubus sempre parecem estar de smoking

17 de maio de 2022

Qual é seu vício?

 Sou uma valente bolha de sabão com escudo de papel bolha

Uma parte de mim quer soltar a loucura
Me manter alerta é minha última barreira
Represo gritos
Desejo de ensurdecer o mundo
Sinto que meu âmago agora voltou pra semente
Um ponto em meio ao peito
Que no balançar da jangada, tento não tombar
Mesmo que alguém conseguisse plantar
E não esquecesse de regar minhas folhas de pranto
O meu resto, erva daninha
Povoaria os pastos de...
.
.
.
Partes não nobres
Gordura da alma
Projeto minha maldade, reflexo da nata
Refletindo tudo o que passei
Longos meses em silêncio
Abandono projeções, me solto
Pulo do céu vazio em que estava
Corto o cordão umbilical dessa tirolesa emocional
Entender que são cócegas
Que não afetam minhas leis
Sou meu próprio juiz
Me lembro de cor de cada erro
Forço pra lembrar acertos
Não empatizo com meus próprios problemas
Guardo espaço, e no vácuo me perco ao redor da atmosfera do sofrimento alheio
Caixa torácica é Pandora, não tenho esperanças de achar algo bom no interior
Caixa craniana é Marte, tô em guerra aqui dentro
.
.
.

Esse texto foi o momento de ruptura. 
A primeira parte foi de um eu corrompido ainda tentando se esquecer.
Ontem a crise quase o matou.
Foi a tempestade me fazendo perder meus dias. Tempestade de onde surgiria um arco íris se eu não tivesse tornado tudo noite.
Hoje, sem visão, perspectiva, não sei onde encontrar o pote de ouro.
Preciso reencontrar a beleza. Preciso reencontrar o amor. Preciso chorar muito, muito, por tudo o que me machucou e eu nem mesmo dei atenção
Piso pela segunda vez em meu próprio rio, e embora águas passadas não movam moinhos
Não reconhecer a fonte de tudo seria me afogar no seco eternamente...


3 de janeiro de 2022

Família

 Tenho medo de meu próprio sangue. Abastecidos pelo mesmo combustível, motores diferentes. O meu quebra, mesmo que a saudade aperta, tudo falha quando aproximo de vocês. É um túnel do tempo onde eu retorno, talvez me descubro de verdade e... talvez disso eu não goste

Não sei pq fujo mesmo parado. Solitude já foi solidão, e o coro do coração era: só volta

Eu tentei, mas fui vidro sensível. O teu timbre detona cristais e a sensação em meu cristalino é de choro virgem.

Dezenas de pessoas importantes dizendo que sou importante, que o que eu faço é mágica, uma herança criativa trágica: nunca deixe numa estante. Trajado, rajando outras vidas, histórias... fui meu Frankstein, todos batiam palma! Porém isso não me completa, do aplauso almejado eu fugia mais que o diabo daquelas duas retas.

Mas a culpa é minha: não sei quem sou, quem fui, nem ao mesmo sei quem quero ser. Talvez ser um fantasma é o que me dá prazer. Um fantasma criando seus próprios assombros.

Pergunto o que vou fazer pois um dia também quero um bebê a bordo

E essa minha nave não para em solo... Não quero o baby em órbita por constelações não familiares. Se for pra ser assim, melhor explodir meu núcleo. Mas se for assim, perco a jornada e suas estrelas

Meu pai dizia: ninguém é uma ilha

Também dizia: não desonre a nenhuma filha. Minha honra foi ouvir e refletir o que ele dizia, mas... faltou com o que ele fazia... 

Entabulei conteúdo em minha tabula rasa depois que você já não era mais minha casa. Eu não lhe entendia... se consideravam isso ser inteligente, eu não queria! Abaixo à sabedoria!

Se até hoje demoro pra entender meus pais, destino guarda quanto tempo mais? Será que sobra tempo pra alguém me entender?

29 de dezembro de 2021

Almar

Teu dom tipo perrignon

Meu dom tipo perigando

Vison falso ostentando

Visando causar frisson


Viveu pelos peixes, só, morreu na praia

Quanto vale o peso que tu acumulava

Te cotaram homúnculo

Esse foi o cúmulo 

Quem te maculava

Vai pilhar teu túmulo

Quanto mais têm nada, asa mais pesada

Mano, não se apega, regra é: tu te basta

Ego são os prego pra te deixar pêgo

Vai ficar tão lindo numa tela em casa

Se martelar martírios, delírios, deliram

Galhos de mirtilos nascendo sorrindo

Se falta pra tu, bato, planto, produzo

Se sobrar pra mim, papos, cantos, servindo

Sorvendo sabores, papilas nos olhos

Me encho de cores. Meu vazio é ouro

Despeço e vou indo, volto ao meu garimpo

Descobri em mim o meu maior tesouro

7 de dezembro de 2021

Intensa utopia

 Tô no parapeito, peito para, notou

Tô tão sem jeito num mundo perfeito

Eles sei que são

Eu sou erosão... não fui eleito

Roubei sua mão até meio sem jeito

Calor do encaixe em meio aos nós de nossos dedos

Sequestro dos meus medos

Estou como? Estocolmo

Um bandido e seu coração se entregaram, tão preso

Esqueça antigos escolhidos na Guerra

Deixo os Golias todos encolhidos, enterra

São ex, sem vez, desrespeitaram suas leis

Um dois três, vendidos! São liquidação

Minha etiqueta é cara, a grife grafa minhas marcas e meus tombos

Assim mesmo não caio

É meu preço é caro 

Meu capital é Cairo

Ganho meus honorário a cada facada

Seu olhar é puro amor em um punhal

Amor, volta agora e costura meu peito