30 de dezembro de 2018

Jazz Café - Entrada

Ela olha para mim intensamente

Paro não por medo de ter atravessado o sinal o fogo já levantou fumaça e ela me pergunta se tenho

Fogo ela não disse o que queria então finjo saber pois com tanto figurão eu que não quero ser o descolado ou quero não sei mas após eu dizer que tinha até o momento dela chegar ela sorri e diz seu nome não antes de uma pausa dramática que acentua ainda mais meu desconhecimento da necessidade dela ou apenas me dá mais tempo para olhar seus olhos e quanto mais ela Katherine é meu nome fala mais tenho condição de olhar para seus olhos e esse é o primeiro ponto da noite.

Ela umedeceu seus lábios com um Whisky enquanto eu tentava me esconder do barman e sua bandeja com meu Bloody Mary ela me pergunta o que eu ia beber e digo que o garçom prometeu me trazer uma surpresa enquanto ela não parecia nada surpresa com a aproximação do garçom trazendo uma porra de uma maria sangrenta na bandeja mas para surpresa dela e minha calma... ele errou o pedido e me trouxe um Martini. Ele piscou para mim e, desde esse momento, adquiri uma cumplicidade que nunca havíamos criado.

Ele a cumprimenta com um beijo e fico aturdido sem entender por acaso vc não entende o que estou tentando aqui eles conversam algum assunto que finjo não escutar mas que não interessa em nada a vocês já que essa história é sobre mim

Ele sai ela ajeita sua saia que parece ter ganho mais espessura após esse beijo qual é seu nome Diego digo com certa segurança ela se aproxima do meu ouvido e diz Diego vc está cercado

Olha nos meus olhos e sorri. Não entendo como consigo ter algum tipo de calma agora. Espalho meu Martini pela mesa e a taça se esvazia à medida que seu sorriso esvai pergunto onde é o banheiro ela diz que não vou a lugar nenhum encosto na cadeira pego seu copo de Whisky não antes de travar uma luta simbólica sobre a posse da taça dou um gole e lanço vários ao chão daquele Martini da mesa que acabo de arremessar para um dos lados pensei que fossemos amigos garçom mas não sou só eu quem está fazendo hora extra agora

A atitude brusca me deu alguma vantagem, pessoas começam a olhar para nossa mesa. Ela me chama para o banheiro, digo não. Tenho algum controle agora, aqui, ou aqui e agora, nunca pensei qual seria a melhor ordem para um momento como esse. Mas tempo é dinheiro, já a vida: tempo, dinheiro e espaço - e temos de decidir em qual comanda anotaremos o próximo caixão - e óóh, barman, vc sabe que ninguém torce nunca pela casa.

Eles anunciam que irão fechar mas são ainda onze da noite de um feriado de Corpus Christi antes de eu perder pro corpo desse filho da puta desse Judas do outro lado do balcão que levanta uma corrente que estava dentro do bar acho hilário e na minha mente começo a chamá-lo Magic Mike uuhg

Pelas costas. É sempre pelas costas que eles atacam! Eu deveria ter imaginado que esses dois não estariam sozinhos. Tiraram o capuz agora e - sério? Vocês me amarraram nessa cadeira e estão iluminando essa adega podre com um Iphone? Você deveria ao menos ter deixado seu celular no silencioso, as notificações do zap não combinam com essa atmosfera que já não combinava com qualquer tipo de interrogatório e nem com essa capa de gatinho comprada num camelô que teve de correr mais rápido dos policiais por vc querer pechinchar esse lixo até pagar o suficiente para ele quase não obter lucro, mas poder sonhar por mais dois dias contigo retirando essa merda desse seu Iphone dos seios. Maçã, seios. Seu amigo agora começa a me lecionar sobre todos os processos de produção das bebidas. Acho que é isso que os vilões fazem. Assuntos encharcados de subtextos para nos amedrontar. Pode me destilar, Hannibal.

Tudo aqui é tão clichê! Ele usa um bigode enrolado! Só falta ele ter um gato para alisar - aah - aí está.

Chuto que não teremos um poço lotado de crocodilos então qual será a grande ameaça da qual terei de implorar pela minha vida por favor não me decepcionem estou memorizando cada detalhe dessa história e se vcs não a deixarem mais interessante nos próximos dez minutos eu irei


29 de dezembro de 2018

Cartas livres

Alguns escrevem cartas que confundem pessoas.
O sentimento que inicia é verdadeiro, mas sou, também, uma pessoa.
Não coloco endereço, mas sim trilhas
Queria escrever, ela um passo a frente
A trilha toca, troca a trilha?
Pra onde voltar, prometo sempre chegarem cartas sem endereço
Tantas extraviadas entre minha mente e o atrito com cada tecla
Nosso mundo deixará de ser touch?
A tecnologia, tão abstrata perto do concreto intransponível do teu corpo
Ainda assim, cruzo teu olhar e te entendo
Teu olhar para fora, eu, fundo, tão dentro
Me afago em afogos, divido biles passadas
Engasgo em ressacas, mar e sereias balançam
Seu abraço me cobre, ouro algum transmitiria
Tanto valor ou calor a futuras gerações
 E vc me acordou em alguns multiversos
Me dando bom dia
Nos outros, simples
Me beijou
Desligou a luz
Disse: dorme, 
Ainda não é dia.

Toda carta escrita pertence à saudade.
E esse endereço, só consigo te escrever de longe.



19 de dezembro de 2018

Conversa de criança

Você não consegue me atingiiiiir. Dentro do meu casco vc não me alcaaançaaaa!!

Então vou acerta seu casco com toda a força até quebrar para ti tirar de dentro.

Não vai nãããão!! Sou uma tartaruga resgatada pelo IBAMA. Eles colocaru sabi o que?

Um chip, por isso te achei fácil.

Isso num vi pq tava dormindu da sirurgia... Mais agora meu casco é todo feito de titânio, pq é isso que eles fazem!

E esse casco não deteriora?

Depois de mil anos.

E vc vai morrer dentro desse casco?

Depois de mil anos...

Tá, ent...

Talves! É, talves depois de mil anos. E até lá vc já vai ter morrido!

Eu sou um vampiro.

E vampiro vive muito igual tataruga?

Bebendo sangue, sim.

O meu que não vai ser. *entra no casco*

Tá, então eu vou entrá aí dentro virandu um morssego bem pequenininho.

Não vaaai, fechei a janela.

É veneziana?

É!

Saco...

E estoquei augas aqui então poço ficar um booooom teeempo...

Será que vc aguenta tanto tempo sozinho? Vou embora.

Até mais, senhor morcegu.
...
...
...
Morcego? *coloca a cabeça pra fora, sente uma mordida e volta* - Eu não deveria ter confiado em vc!

Achei que teria esquecido de mim depois de tantos anos.

Tenho memória de tartaruga.

É memória de elefante que fala.

Fazemos nossas anotações!

Tá, eu desisto!

Não confio em vc...

Eu nem tenho mais agilidade pra te pegar. Vamos, venha para fora.

Vai pra longe e faz barulho de vampiro.

Longe quanto?

2 metros.

Quanto é dois metros?

O tamanho do meu pai.

Tá. Qual o barulho que vampiro faz?

Também não sei... bate as asas!

*bate as asas* - Pronto. Viu? Estou longe. vc pode sair agora.

Nossa... como vc está velho, menor e engraçado agora. Há anos atrás eu ainda tinha tanto medo de vc!

E você continua como quando nascemos... todo o sangue que suguei não me deixou um dia mais novo...


18 de dezembro de 2018

Balada

Quando disse: Estou morto
É pq eu vivi
Só pra dizer a ti...
Que morri…
Tente me entender...
Tente entender o que restou...
Tiros de alerta
Para o alto
Corre sumo do amor
Devagar, por baixo
No asfalto quente
Um beijo frio
Esquece língua
Conversa afiada
Cortou, navalha ácida
Falo a língua dos anjos
Poso na fonte de mim mesmo
Deságuo e me desfaço
Abaixo do seu, tão alto
Acima do meu nariz
Seco e seco
Sem razão de ser
Sei que nada há de ter
Então me colhe e tome
Como quem aprecia
Um bom café 

13 de dezembro de 2018

Autoestima

Eu tô semeando pre-tas le-tras
Alinho linhas que aliem, não aliciem, ali vem mais um usuário
Ex usuário, agora alinha sua vida, cheira às flores do poeta
Cumpri a meta...
Com a narina aberta pelos suspiros, não de tiros, mas de frios
Borboletas em alerta como a Cidade, mas não por armas, sim ouvidos
Não chamem mais aviãozinho, os moleque voam como cu-pi-dos, voos mais compridos
Eu como cu-pi-dos, voo aos deu-ses, bençãos e sor-ri-sos,
Cronos congela o Tempo pois Prometeu replantar Narcisos, explico
Eles não entenderam o que é racismo a-in-da
Autoestima é esquecer o padrão, se achar lin-da
Eles olhando para os céus aguardando A Vin-da
Somos donos de tudo o que tu vê, nós somos Sim-ba
Então ca-rim-ba
Meu passaporte, a pele não dá
Temos livros de história, melhor não marcá
Queimem os livros, teremos atabaques pra contar
Nos queimem vivos, voltamos ratos caçando gatos, somos rá-tá-tá
Tá? Sem nada pra falar, plante silêncio
Pareçam sábios ao calar, melhor colher o que dá pra adubar
O escutar,
Era de Ícaros alcançando píncaros, lençóis da noite a os derrubar
Como o sol, todos têm seu dia pra brilhar


Mas eles brilham tão sós, sóis de um universo destinado a queimar

11 de dezembro de 2018

Abs e tratos


Tenho sido esquivo
Tem descido o escriba
Logo cedo, teço o tecido
Que a vida tece comigo
Desvio,
Convivo com dias que 
Caem em meses
Sempre mais
Exíguos 
Quer ter voz, engole mais ar
Sommelier de sapos
Se bom ar não há,
Bem, bolar, não dá
O que sobra é sol, lombo, chicote
Ovo estralado
Choca, com sorte
Oco, febre e silêncio
Nove meses tomando soco ou sangue
Escrevo pra ser lembrado
Escondo, sou procurado
Escombro, morro tombado
Encontro, sou perdoado
Desmonto, monto, remonto
Mas não defino - se não, definho - meu estado
Beba todo meu concreto,
Coma toda minha ausência
Sente o frio? Não tenho mais sentido.
Avisa lá que rimo só quando quero
A sinfonia que fiz ja não quer dizer mais nada
Todos os sonetos do mundo nasceram mortos
Montei uma cidade só de poetas
Entramos em guerra
Queimávamos peles para aquecer versos
Sangrávamos tinta
Selávamos mundos com palavras fúteis
Mensageiros siderais, griots sem estórias
Eu tava la quando acabaram com a vida no meu planeta
Atenção: Devido à abstração do escritor
- Silêncio, por favor
Aqui encerraremos esse texto
- Ae, menor, faz o corre pra nois.
Peço desculpas
- Também te amo, Marta
Por qualquer confusão que
- Também te amo, Marta
Possa ter cau
- Também te amo, Marta
sado. Peço que se retirem com cuidado
- Também
E sigam para outros textos
- O que?
Esse será apagado assim que encontrarmos
- Amor. Te... Marta...
O responsável e sua senha
- O novo shampoo bardier frulis irá
Uma boa noite e
- Olha a bala. Mentos. Mentos. Quem vai querer?
façam uma ultima refeição
- No episódio de hj, nosso casal de pombinhos continua vivendo feliz EM ARUBA
antes de amar
- Marta? Afogaram seu personagem.


8 de dezembro de 2018

Shady

And next season i'm out of your crew

Ow, so true

Also new:

The creator of the family started a feud

No contract being renewed

No contact tween me and you

Look at Disney Castle's walls, see only photos of you

Like you posing at the booth

Hide, i’m talking at the booth

The diference between both?

U talk like a parrot, atc like a mouse, and i'm a GOAT

But this boat has drown in a pool with so many other mouses. Causes?

I have a cirurgic view, fool, now any of u could call me Doctor House

Your mistake in this movie do not deserve any pause

Do not have a rewind button, but, aahn, moving on

You holding, bounding, biting your teeth

Cause u see, that I’m all you need, i'm all you need

You think u planted a seed. Your will? Not even stronger than weed

They not blink looking at your life and your feed

I think that’s why their brains are starving

I found this sword and I swore for God, in this part i'm not lying

That if i get it out of this rock, in your heart i'm fucking carving

Tempos líquidos

Antecipo todo meu futuro

Vivo passados como se fosse o hoje


O vento já não me conduz



O vento sou eu




Mas não sou só





Sou o vento, e o barulho me acompanha






Sibilo folhas, engravido perfumes para parir paixões. Levo sussurros para partir paixões.







Eu sopro respostas para perguntas não feitas








Lavo marés, mas a lua quem brilha









Sou habitante de todas as ilhas








Sou bem vindo no verão







Sou banido no inverno






Me visto de primavera





Alcanço o céu




Balanço o inferno



Balanço a criança


Que juntou as letras dessas folhas,

E as            s        o                        p                   r                            o                         u

6 de dezembro de 2018

Profissão perigo


Acordo cedo, beijo minha filha, sua trilha é lalaland
Preparo as peça, quebra-cabeça é meu trabalho, Sofia vendo, eu vendo
Aqui não tem história feliz, aumento o volume, a vendo
E havendo oportunidade futuramente a cego com um Nintendo
A vida é um jogo, as peças substituíveis
Minha vida é um toco torto, derrubaram se achando os incríveis
Saio de casa, periferia, e quem diria
Carros abertos aos trancos, mas minha casa eu tranco
Desculpa filha ter te dado esses muros, mas é o meu trampo
A peste segue negra pelas ruas, disfarçada de sarampo
E as vacina seguem pelas ruas, ineficazes
Fazem chacina, mata os coringa, mas nunca os azes
Mídia assassina nem vê a morte, já quer que a vele
Quantas vez mais vamo fazer rima da cor da Marielle?
Vc tá cansado, nasço exausto, enclaustro se aproxima
Fico parado, não dou um passo em falso as três da matina
E aí ouço a matilha, do inferno a quadrilha
São Cérberos, sem cérebros, célebres os demônios do Padilha
Sem opção, não preciso perguntar aos universitários
Eles se arriscariam, não se juntam à força de trabalho
Me rendo, arrendo tudo o que eu tinha em mãos
O que eu rendi, hj não me livra da prisão
Eles apontam dedos que nunca viram a ida dos anéis
Aqui tá decidido e seguimos nossos papéis
Perguntam quanto é a renda da boca, o olho até brilha
Digo que não tô cadastrando ninguém no bolsa quadrilha
Ele abre a mão, acerta o meu parceiro
Eu sem munição, ah se eu tivesse sido mais ligeiro
Eu ofereço o malote sem nem mesmo olhar
A vida não tem preço, a sua ainda vamo considerar
Placar: ta 0 a 0
Plaquê: esquece os Guimê
Radar: tá cinco estrelas
Rodar: Só se for vc
Me sinto clichê, abandono o guichê
Me lembro dela,
Filha a luz hj não se vai, fé no pai
Hoje esse preto não cai,
Então sebo nas canela
Nois sobe o meio fio, bato um fio pros irmão, eles corta
Maldita hora que esses verme me queria adubando sua horta
Dou o sinal, nois se divide, mano tenho um plano
Guerreiro urbano! Venci a vida, chega no mano a mano
Ele pega na arma, mal sabe que sou seu karma
E com a calma da alma, desafio tua bala
E por um segundo, um segundo ganhou valor
O click bateu da arma pra minha mente, e o Van Damme Bashô
Se o seu cano falhou, começa sua oração
Nesse segundo só vi minha filha. Jesus perdoa? Aaaah, eu não
Você com a arma na mão
Eu só com ódio nas mãos,
Eu só, minha vida nas mãos
Deixo o formato em seu rosto
Atordoado vc cambaleia
Sou tua baleia azul, da sul
Raivoso, tipo pitbull
Seu colete a prova de bala
Colou só pra fazer sala
Sente o ritmo que exala
Marighella que teu açoite não cala
Militar pra militar
Arranco a tua patente
E soco dente por dente
Só paro na tua frente
Ao ouvir o grito urgente
- PAAAAAAAAI!!
Era a voz da minha filha...