4 de abril de 2020

Fermento

Segue pedante, tão pretensioso, Alberto pela esquina. Pretensioso como é, ele irá expor, como se esse fosse o ponto, cada curva que fez pelas ruas, repetindo cada direita que virou, mas de formas diferentes, tornando mais cansativo para a língua do que havia sido para as pernas. Ainda que fosse a Besta, seus dois pés não teriam encostado dos dois lados do mar: seu ego faz-te sair do nada em viagem para lugar algum. Alberto, posso lhe dar um conselho? Escute mais do que fala. A atenção ao redor salva vidas na selva. Como posso confiar a você, Alberto, a chave para minhas confidências? Não enquanto você der sinais contrários. Você vem a mim e sorri como se vai, pela simples fome, ao burger king, mas deixa nossos hambúrgueres mofar, Alberto!? A vigilância me alertou sobre problemas tóxicos. Tenho também muitos defeitos, mas, não procuro recall: os assumo! Trabalho mais para o povo do que pra mim. Ora, todos queremos nosso sustento, mas sorrisos convenientes não trazem substância. Parece que você não tem mais rosto. Quem dera algo pudesse recordar em suas fotos. Alberto? Para que você anota como seu número 190 se o lado do seu telefone é de lata e sem fio? Essa eu explico: já esperei de você algumas vezes, sempre estou alerta para atender com urgência a todos, mas esperei de um homem de lata que aparentemente sem nem laços (o fio, Alberto) verdadeiros (ao menos comigo. Admito minha ingenuidade ao tratar com outros), pois parece que de um momento a outro o Mágico de Oz retira e insere a única parte orgânica e funcional de teu corpo (sabemos que ao menos esse órgão em ti funciona, ou sua carcaça estaria ao chão), mudando seu humor junto às batidas. Bem, dedico esses dez minutos, e não mais, a você. Espero que você plante cenouras e colha pés de coelho.
Sinceramente, Otrebla.

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