26 de dezembro de 2020

Não façam guerra, façam love song feat: que não seja acústica, pelo amor de deus

 Me olha na cama, cigana

Olhos oblíquos, 

Processos químicos
Entre nossas salivas
Saravá! Raba no taca me faz salivar
Boca em conjunto com olhar
Dicotomia e meus toques, nossos dedos
Dançam pela pele, deslizam por onde deve
Levam aos arrepios
Meu céu hoje é sol de abril, febril
Do re mi fa sol la si, seu
Gemido é música, cio
Na caixa o bumbo já bate
Na língua teu mel, tão fiel
Ao gosto real, bom gosto
Te gusto, cuspo - antônimos bruscos
Linguagens diferentes, fetiches instigantes
Feitiço no sopro em seu ouvido, sou mago
Te toco fundo, sou Nero
É nada, sou mero
James Bond só de zeros
Espero esse dia, previ nas cartas entre nossos olhares
Poker faces, por que 6
Horas seriam minutos
O espaço nosso lençol, a terra nosso colchão
Nossos corpos são cápsulas perdidas no espaço em direção à Vênus

17 de dezembro de 2020

Únicos?

Overdose de ideias 

Desnutridas de originalidade

Formados robôs, formatados diariamente

Formandos de um mundo em caos

Treinados a abraçar as sombras

E agradecer



Sou um filtro vindo do barro

De sonhos, água e sangue

Ignoro o resto

Imploro o pouco

Pois são só palavras

E se são, sou palavras

Só serei, exceção

Às minhas próprias grafias

Serei sincero aos meus próprios mundos

Acariciado pela brisa, ondas e sonolência

Coagido por um universo sem leis

Preso e carcereiro

Médico alienista, louco alienado

Corto o fio da realidade com machados de Assis

Embora ele santo fosse...

Quebro lógicas, moldo forjas, reflito e derrubo

Com meu fechar de olhos, tampar de ouvidos e amordaçar de lábios

Então nada vejo, nada ouço, nada falo ou sinto

Entorpecido pelos novos e velhos Sentimentos do Mundo

Com apenas uma mão para anotá-los

Com a outra, cubro os olhos enquanto choro


12 de dezembro de 2020

Quem mata a todos?

 Sangue quente é o pigmento no cimento frio

Extraído de peles pretas, tingimento a sangue frio

E o menor previu. O olhar malicioso que o ronda

Últimas palavras, as da vizinha que o cuidava: vai pela sombra

Mas quem dera a noite todos os gatos fossem pardos

E o único doce tirado da vida, café amargo

À fé não tardo, com fé talvez sobreviva

Vidas apostadas na loteria diária. O sorteio: bala perdida

Bilhete premiado pra promoção, pm grita Bingo

É só mais uma tarde de domingo...

Saímos da era das fita, hoje é tudo digital

Mesmo assim molecada conhece cartucho

Tu acha normal? Ouvir na sala: olha a bala gerar gatilho

Ao crime ou ao coma a sociedade tenta induzi-lo 

Onde haverá alguma esperança? 

Acorda desse sonho, viver foi só teu moinho, criança Sancho Pança

Criados como animais enjaulados, com sentimentos entalados

Não tiveram acesso a Segismundo, mas são retratos falados

Não alardo ou propago aval pra político aclamado

Caneta, dá mais um trago na tinta, cospe o amargo

Sente o ressentimento em um coração ressecado

Por corre que tira sangue. Bala e explosão: aliados

Avião de coca cai na boca, louca lógica

O morro que grita socorro ouve resposta ideológica

Sem pronto socorro, é corre ou morro no mercado

Abatemos mais 70 kgs do continente saqueado










 

6 de dezembro de 2020

Morra antes de morrer. Não há outra chance depois - C.S. Lewis

"Nenhum homem é uma ilha, todo em si; todo homem é uma parte do continente, uma parte da terra; se um torrão de terra é levado pelo mar, a Europa é diminuída, tanto se fosse um promontório, como também se fosse uma casa de teus amigos ou a tua própria; a morte de todo homem me diminui, porque sou parte na humanidade; e então nunca pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti."

- John Donne 



O abismo me secando, cercando por cerca de... hmm... cercas.... sou de sangue e arames

Tecido biológico e inóspito, meus anticorpos levando seu título ao pé da letra

A pele que habitamos muda de 7 em 7 anos

A mente que dirijo, de 7 em 7 dias

Vontade de morrer vinha de 7 em 7 horas

Eu tinha 7 maneiras, não sabia qual escolhia:

Asfixia por gás ou carvão, intoxicação por remédios, saltar de prédios, pegar intencionalmente Covid, provocar alguém armado até levar um tiro, brincar a sério de forca ou me jogar nos trilhos do trem

Haviam 7 maneiras, mas disso acham melhor eu não falar

Não é incentivo pra quem já pensa. Melhor incentivo é se conversar, entender a doença. 

Não tem a ver com pensar positivo ou nenhuma crença

Não que eu queira criar alguma desavença, agradeço as bênça

Acho que falar sobre isso e mostrar que sobrevivi

É mais vantajoso que uma conversa póstuma sobre como morri

Eu seria uma luz apagada se eu não tivesse encontrado o interruptor naquelas noites de apagão

Teria sido uma merda ter seguido meu cérebro ou coração

Mas sei que eles são bons, ao mesmo tempo não

E isso é ser mais verdadeiro que jurar ter o padrão

Cidadão de bem. Ou cidadãos de bens (vocês sabem quem)

Me afastei de tudo, todos, me tornei uma pessoa amarga

Havia perdido minha marca, estava pronto pra barca mas

Minha morte também não me quis, Gil...


Azazel - Você têm coragem pra se matar? - perguntou, com uma ênfase quase ofensiva no pronome.

Imagino - disse o demônio - que esta seja uma das suas tentativas frustradas de fazer graça.


Talvez a sorte foi a morte não reconhecer minha alma pós cortes

Talvez a sua bússola, como eu, perdeu seu norte

Minha direção era sempre ao velho-oeste

Sem conhecer meus gatilhos, não tinha controle, era marionete do destino e seus testes

Jogava minha sorte aos dados e me achava bem. Mas não percebia as subidas e descidas, tipo a Secom trabalhando com gráficos e o Brasil de refém


Azazel - O homem do passado a que me refiro só se parecia um pouco com você. Ninguém mais no mundo possui essa sua capacidade de escrever, escrever, escrever sem colocar nenhuma ideia no papel.  

Bem - continuou - Mire-se naquele espelho, se é que não se importa de ser cruelmente lembrado de sua aparência


Eu olhava e me perguntava: o que me tornei?

Não me alimentava, sem banhos, sem motivação

Cada apoio que eu recebia só me fazia sentir mais ódio de mim

Único lugar suportável era em meus sonhos

Bem, chega. Me sinto renovado. Me sinto mudado. Aliás, me sinto mutado, como se fosse agora uma pessoa diferente, mais forte, saída de uma mutação na Terra-X (obrigado, Stan Lee)

Quando pego minha caneta não é pra gerar pena, mas sim pra demonstrar a outras pessoas que talvez estejam passando pelo mesmo problema que: não estamos sozinhos. Prefiro deixar a pena de lado para assim podermos bater asas e voar juntos.  


"É preciso realmente acreditar em escrever. Eu acredito que vale a pena escrever, como vale a pena viver. No meu caso específico, como a arte de escrever não é apenas um ato intelectivo ou intelectual, chamem vocês como quiserem, é um ato de vida, é um ato visceral. Eu não sei como é que eu viveria sem escrever. Aliás, só vale viver escrevendo. Se eu não estiver escrevendo, a minha vida vai muito mal."

- João Antônio 

Ps: Azazel é um demônio de 2 centímetros habitante de algumas histórias de Isaac Asimov. 











5 de dezembro de 2020

Homens xvideos

Tomas com mãos de ferro cabelos femininos como rédeas, como se o burro trocasse com o jockey e pensasse prazeroso

Trovoadas de coxas rápidas, um desempenho heróico na cama, como um flas.. ih, já foi

Seu quadril, um pica-pau descrente em advogados: frente, trás, frente, trás... mas direito, não mexe

A língua hábil de um carteiro que viveu de lamber selos, mas, aposentado e de vista fraca, jura eficiência, mas lambe no lado errado

"Vou te quebrar no meio", promete nosso carateca. E quebra: sua garota desaba de sono. Realmente, um lutador tarja preta

Jura que as fará perder a cabeça. E cumpre! Elas sempre se perguntam onde suas cabeças estavam quando gastaram 40 reais num motel com nosso modesto Don Juan da Brasileirinhas

Oh abençoado por Afrodite, oh Poderoso Deus do sexo, baixe à Terra! Com fé, todas terão de ti um orgasmo. Mas pra ti, todas essas moças de hoje são vadias sem fé, né? 

Garanhão, secando firmemente as moças na rua, assovia. Deixa-a com água na boca e enfim, na cama, por árduos 4 minutos faz sua nobre dama sentir os 40 anos que Moisés vagou pelo deserto

Oh Arauto da sintonia na cama. Sim, todas as mulheres que não sentem tesão com teu toque de plumas torcendo mamilos como se buscasse sintonia numa rádio têm, sim, problemas de interferência: Você.