16 de fevereiro de 2017

Experimento Nº algum aí (contos)

Continuando a ideia de experimentos. 5 minutos, sem ideias na cabeça, só escrever o que vem, sem parar...


Moço, eu não quero dinheiro não
Tô sem nada, menino.
Não é pra pagar nada não, eu só preciso que vc me dê uma letra, se puder
Que?
Uma letra, senhor. Por favor...
Pq uma letra? Você quer um recorte do meu jornal?
Não, senhor. Eu queria uma letra. É que, meus pais, passaram a vida trabalhando na roça. Então eu os ajudava, e não tive tempo de ir à escola. Se o senhor puder me dar uma, talvez um dia eu junte o bastante para poder escrever meritocracia.

- Oi, amor.
- Oi, xuxu.
- Meu denguinho, sabe o que eu queria te pedir?
- O que, meu docinho?
- Um vestido novo, meu bb.
- Bebê não tem dinhelo pa compa ropa pocê.
- Mamãe intão num tem mais leite na téta.
- Que cor o vestido, amor?

Era noite, ele andava para os lados e olhava, assustado, cada sombra que passava pela parede.
Ele estava preso, como num mito das cavernas, mas não por medo. Ele estava preso às ruas.

Morava nelas, conhecia elas como ninguém. Seus cheiros, seus atalhos, onde encontrar um bom lugar para descanso, todas as belezas da natureza. Mas era noite. Tudo escuro, nada para os sentidos aproveitarem além da sensação térmica. E fazia frio... fazia muito frio...

14 de fevereiro de 2017

Cinco (experimento nº não lembro quanto)

Cinco minutos não dá tempo para nada. É o que eu acho. Você liga o carro, liga o rádio, o ar condicionado, pq o sol já está estalando desde cinco minutos atrás (que foi quando ele raiou, então se ele teve tempo de esquentar tanto assim em cinco minutos), então o carro morre pq você não segurou a embreagem. Mas o que é a embreagem? Tive cinco horas de aulas práticas, nas cinco não consegui entender direito. O que fazer agora? Cinco minutos. Há uma notícia que chega ao rádio: trânsito na marginal. Porra, vou estar lá em dois minutos. Já passaram 5 senhoras desde que comecei essas coisas. Cada uma com uma muleta e seu respectivo cachorro. Uma tinha um gato. Essa tinha um jeito mais punk mesmo.
Ok, saí da garagem. Cinco segundos é o tempo que a porta, automática, pois gostaria de economizar no tempo de saída, demora para se abrir por inteiro. Gastei até agora 1 minuto. Dirijo, dou bom dia aos vizinhos, que sempre estão na porta varrendo seus quintais (como eles tem tempo para isso? De quando acordo, até eu sair eles ainda estão nisso. Não trabalham?).
Chego ao dito engarrafamento!
 - BAAAALAAAAA, MENTOOOOOOS!, diz o ambulante, em profundo pleonasmo.
 - Pleonasmo, senhor? É nome da fábrica isso?
Não tenho tempo de explicar a ele.
Ar, música, banho maria marinado em suor, dentro do meu próprio carro... Vocês sabiam que carro funerário tem buzina? Para que a pressa, alguns se perguntam... digo que os mortos que sabem administrar melhor seu tempo! - Me enterrem logo ou a coisa vai feder pro seu lado!
Abriu o farol. Tem mais 15 em direção ao trabalho. 15 dividido por 5 igual a 3. 3 acidentes na marginal. O jornal diz 3, pelo meu rádio. Mas olhando aqui, o número de tragédias familiares parece desproporcional ao número 3. Calma, andou, VIVA AO AUMENTO DE VELOCIparou de novo...

11 de fevereiro de 2017

Experimento 3 (O proletariado)

Sucata invade a mente fraca
Numa maquinaria que enferruja no fim do dia
Sem saber sua função, continua batendo estaca

Ao chefe dá bom dia, mesmo menosprezado, inda sorria
Planejamento do próximo mês não incluia ele
Triste fim que ele não via

No fim do mês, seu chefe disse: chama aquele
Era tão impessoal que nem sabia seu nome
Não sei pq o contratei, não sei o que vi nele

Bom, sr., percebi que todo dia o senhor some
Sim, por uma hora, horário de almoço
E presumo que nessa hora o senhor almoce

Sim, pois minha mulher arranja sempre algum osso
Disse a sorrir
Bom, para que vc arrume outro emprego eu até torço

Mas meu senhor, por qual motivo? Não tenho pra onde ir
A maquinaria está chegando
depois de construir tudo isso, terei eu de partir?

Sim, foi bom lhe ter aqui, pq vc está chorando?
Nem carteira assinada tenho
Tinha salário e ainda está reclamando?

Eu percebi que vc trabalha com empenho
E disso não posso fazer reclamação
Mas é que há gente mais qualificada ali de onde venho

Então o que me desqualificou foi simplesmente minha formação
O fim chegou, me encontro olhando um poço
E no livro de história, lá se vai o trabalhador, sem nenhuma menção

10 de fevereiro de 2017

Experimento 2

A saudade mais que atormenta. Queria poder expressar. O perdão não é tão iminente. Aah, como dificil é o amar.
Talvez eu não o tenha feito. Talvez o fiz demais. Não possua então o direito, ou talvez nem possa mais.
Olho suas fotos e me animo. Tinjo de saudades então minh'alma. Olho para trás para a ação de desatino. De quem viu seu barco partir, e ainda assim manteve a calma.
Folhas presentes pelo preço de um. Caem, outono que então começou. Admirar o quê, se nada aqui sobrou..
Sobra o beijo. Sobre o abraço. Sobra o olhar pelo outro lado da rua. Mesmo que em chamas por dentro arda, não me apago, pois a impossibilidade de seu toque, sim, incineraria.
Fênix, dama feroz e ninfa doce do rio. Teus olhos guiam os meus como os de um farol. Observo tua fronte e desvio o olhar e sorrio. Não farol, tu és mais celeste, sou teu girassol.

9 de fevereiro de 2017

Início do experimento

A partir de hoje, deixarei público um experimento meu. Será um exercício de 5 minutos no relógio, uma mente vazia, escrever o que vier. Seja prosa, histórias, esquetes... Talvez venha com uma qualidade baixa, mas será um exorcismo de palavras, formando ideias e deixando o fluxo criativo correr. Único retoque será o da acentuação, dando maior sentido ao texto. Sigam bem, caminhoneiros.



Estive a procura da cura por muito tempo
Como pela saída procura um detento
Sem olhar o vento, condição climática, hoje ele não tem medo da chuva
Mais que a sociedade, o tempo a ele não machuca
É saída pra crise
Correr às suas raízes, mas cometeu deslizes, há de pagar
Sem ver um futuro pela frente
Ele tenta prosseguir mas a neblina está muito rente
E mesmo que a todos cause aversão
Ele sabe da verdade, mas verdade meia, devido a incompreensão 
Ele não entende o que acomete a sociedade
Como não conseguem ver outra verdade
Que não a deles, em que estão acomodados
Infiltrados, não pensam que estão
Numa chamada prisão, e não percebem, pq ela é mental
E não há lugar igual
Pois o guarda é vc mesmo, a consciência será sua moral, seu jornal
E ela deixará seu nome na primeira página, exposição no ar
Será extremamente parcial, você quer se julgar
Será seu pior carrasco

Pois se usará o maior veneno e diluirá no menor frasco

Canto que serviria a qualquer um dos alvos (pretos, LGBTTTs, pobres) ANTIGO

Eu sou um alvo
Não nasci branco, nasci pardo
É o que bradam os mal amado
Sobre a cor que eu trago
Pra diferenciar da cor dos gueto
Lugares branco e preto
Mas que o povo colore
E racista não engole
Que onde haja necessidade
Possa haver felicidade
Não importa idade, sem maldade
Roubo não é especialidade de uns
Mas mente fraca e preconceituosa é propriedade de alguns
Então pego minha arma e me livro dando um tiro
Mas tenho a boca no cano, engatilho e atiro
E tiro com minha vontade mais uma vida daqui
Será que se eu me suicidar faço os racista sumi?
Zumbi, voltou da tumba pra repetir momentos pretéritos
Heroísmo que comparado a heróis gregos nos livros parece até demérito
O cara já é idoso, dá lugar, trata com respeito
Ele só veio e disse: Não pardo, nós somos preto!


Antigo

Hoje eu vou curtir sua foto
Vou mandar Dm
Vou mandar convite para uma festa que vc nunca vai.

Vou olhar pela janela, da minha tela do monitor
E olhar a foto da janela do seu quarto protegido pela sua tela
E juro que se não houvesse ela entrava pela sua janela...

Vou te cutucar, virtualmente
Vou te abraçar, mas o 3D não sente
Vou tirar sua roupa, corta e cola, bota outra