16 de fevereiro de 2017

Experimento Nº algum aí (contos)

Continuando a ideia de experimentos. 5 minutos, sem ideias na cabeça, só escrever o que vem, sem parar...


Moço, eu não quero dinheiro não
Tô sem nada, menino.
Não é pra pagar nada não, eu só preciso que vc me dê uma letra, se puder
Que?
Uma letra, senhor. Por favor...
Pq uma letra? Você quer um recorte do meu jornal?
Não, senhor. Eu queria uma letra. É que, meus pais, passaram a vida trabalhando na roça. Então eu os ajudava, e não tive tempo de ir à escola. Se o senhor puder me dar uma, talvez um dia eu junte o bastante para poder escrever meritocracia.

- Oi, amor.
- Oi, xuxu.
- Meu denguinho, sabe o que eu queria te pedir?
- O que, meu docinho?
- Um vestido novo, meu bb.
- Bebê não tem dinhelo pa compa ropa pocê.
- Mamãe intão num tem mais leite na téta.
- Que cor o vestido, amor?

Era noite, ele andava para os lados e olhava, assustado, cada sombra que passava pela parede.
Ele estava preso, como num mito das cavernas, mas não por medo. Ele estava preso às ruas.

Morava nelas, conhecia elas como ninguém. Seus cheiros, seus atalhos, onde encontrar um bom lugar para descanso, todas as belezas da natureza. Mas era noite. Tudo escuro, nada para os sentidos aproveitarem além da sensação térmica. E fazia frio... fazia muito frio...

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