30 de maio de 2018

Gula

Provérbios 23:20-21 nos adverte: “Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem”.

Thanos, devorador de mundos
Conquistador narcisista
Navegante da noite sem velas
Olhos sem horizonte

Te esconde na mata, herói
Em teu mundo DC, desumano
Cada página virada, rasgada, dói
Nesse plano astral és profano

Corra! Ou arranco teu olho
Corra! Já comi tua mente
Corra! A ruínas te encolho
Corra! Do pó, descendente

Do lixo, te engulo, te vomito, te bebo
É massa, tua carne, tua alma, teu tempo
É só mais um número, arquivo morto: queime
Eu dono das fichas, fliperama: Blame!

Linha de construção,
Carros automáticos, escondi o manual
Te falta instrução
Pra sair do meu quintal


Provérbios 23:2 proclama: “mete uma faca à tua garganta, se és homem glutão”.

28 de maio de 2018

Inveja

Sinto ira, os desprezo
Não consigo sentir uma nota de compaixão
Tenho bilhões de motivos para os odiar
Um deles: meu bolso

Metaforicamente, pois o dinheiro que eles roubam
Que antes na cueca, agora não cabendo mais um pau
Se coloca em apartamentos vazios
Seria a Roda da Fortuna do MST
Com caixas 2,3,4... ufa, perdi a conta
Pode trazer todos os desaforos pra minha casa
Animais em papel abafam o som da fauna e flora que se tornam utopia
Meu nome? Capital, Centro do mundo!!

Droga... vou começar de novo. Desculpem. Me deem mais uma chance. Realmente admiro pessoas mais objetivas. Teriam mais facilidade em fazer esse texto. Meu, eu sei o tema: Inveja. Ok, vamos lá.

Olha bem para os meus olhos, Iago
Sua cor? Castanhos
Toca minha pele, Iago.
A mão não, ela já foi lida
Negra, preta, noite, fim... da vida
Minha pele é catraca da noite... oi... minha pele é catraca da noite... oooi
Não te culpo, mas ai se eu pudesse um dia...
Passear cinco minutos em tua liberdade
Aaai, cinco minutos... uma vida de saudade
Monstro de olhos verdes, espelho meu, me arranca
Essa pele, mas me deixe essa inveja... é branca...

Não... será que hoje não saio do esboço? Quem nunca teve inveja de algo? A linha que separa inveja de admiração se destrói em sofrimento. Cura em amor. Mas quem hoje tem amor para dar?

Aaah noite.
Lua que banha de mistério meus ângulos
Luzes que enfeitam a cidade
E sombras que preenchem-me... de medo
Demolidor, o homem sem medo, cego
Eu enxergo tudo, menos intenções
Nesse jogo de bater pernas, cruzar olhares
Meu mapa de calor atravessou tantas ruas, com tanta pressa...
Mas eu nem vi, atravessei a rua de cabeça baixa
Infringi leis, nem fugi pela faixa,
Mas é Gaza a rota diária pra casa
Segurança me passa andar com o Phil, o Bill, um tio...
Medo de, sem ninguém, ser abordada no meio fio
Fio da paciência esgotando
Fio que não conectou à tua lábia
Fio que vc diz ter a menos em minhas roupas
Fio, fio, fio, fio... CHEGAA...
Chega... só... chega...
Demolidor, o homem sem medo, cego
Eu enxergo tudo... Menos intenções...

Napoleão Bonaparte dizia que "a inveja é um atestado de inferioridade". Será mesmo?

Jorrei minha alma nesse blues.
Naveguei vivências de difícil acesso
Suportei tantos e tantos nãos
Minhas letras, meu manifesto
Estudei Drummond, Vinicius, Pessoa,
Cecília, Shakespeare, Neruda,
Camões, Andrade, Florbela,
 Hilda, Assis, Baudelaire
Pra vcs tchê tchererê tchê tchê? AAAH VÃO TOMAR NO **...

Aah, sei lá, deixa quieto. Pecados pra mim são mais fáceis de fazer do que descrever. Não consegui escrever nada forte para encerrar esse texto. Então encerro com uma definição que encontrei na internet:

“A inveja é como beber veneno e esperar que a outra pessoa morra”.
- Carrie Fischer

Ps: EU teria escrito essa frase facinho, mas ela nasceu primeiro...
Pps: Não existe "inveja branca".



24 de maio de 2018

Soberba

Eu nasci em berço de ouro, São Paulo
Megalópole avançada, vamos nos desligar, sempre falo
Montar nosso próprio país, expulsar nordestino
Raça de voto errado, penca de filho, dente caindo
Já meus filhos, todos falando inglês
Sem dominar bem português, fala alemão! Sem síndrome de vira lata
Que empaca o ensino médio com espanhol, ele joga criquet, não futebol
Minhas camisas são de luxo, CBF-Brazil, cama king size
Soar de panelas puxo, mais um rivotril pra aguentar essa fase
Que noite linda de lua, jantar a noite de velas
Mais exclusivo que isso, Huck, privatiza ela
Pois eu sou dona da terra, não, Sou Dono da Terra
Meus antepassados juntaram tudo com armas, ainda lucro com elas
O ar tá seco em São Paulo, falta combustível pro avião
Eu não saio daqui, sou médico, é lucro pra profissão
Eu tenho ouro, tolo, e não tolero
Distribuição de renda? Pros trajes: tango, valsa e bolero
Eu hoje com minha fé, irmãos, me sinto mais capacitado
Sou filho do dono, isenção, bar-balada, pai: dai-me fé no Estado
Nem Sherlock tinha uma pista, enxame de lobista.
Tem ateliê? Artista de capa de revista
Minha referência não vem daqui, não dou vexame
E a reverência mando voando pra Miami
Sou Juíz, reto e correto, população corcunda, Notre Dame
Toga bem mais cara que os seus exame
Senhora terceira vez que reclamou do valor da pensão
Doei um mês do meu auxílio terno, olha meu coração
Investimento pra empresa? Sim, o País tem de incentivar
Mas esse socialismo de Bolsa família? Os bonito de papo pro ar
Fazendo filho pra acrescer no valor, e olha seu estado
Faz igual eu, bota os filho em Harvard, depois indica pra uma vaga no Senado

22 de maio de 2018

Ira


Tô olhando sua caravana passar, boy
Fervilhando, sangue vai vazar, boy
Bolsa de sangue têm pro ce na sul? boy
Periferia não tem sangue azul, boy

Uma arma parada, engatilhada no farol
Meu blaser engana, tipo pipa com cerol
Abordo motorista - Preciso de informação -
Corre o ciclista, já se ligou na ação

Eu não queria ter essa necessidade
Passar os camburão, cara de paisagem
Mas se liga, observa a sacanagem
Uns ganham muito, outros de pé até mais tarde

Na briga da internet o papo de todo dia
Abordado na letargia mental, me-ri-to-cra-cia
Patifaria, como cê me explicaria
Que uns preencheram todo o tabuleiro, senzala vazia

Como se o prêmio fosse só a liberdade
Aprisionado na cidade, por necessidade
- Corre atrás agora, te dei a bola, vai lá jogar -
Sonho de ser artilheiro, mirou logo nas HK

Fábrica clandestina, as companhia dele tudo aérea
O Gol desse moleque compactua com a miséria
Segurança tem? Claro, nada oficial
Carteira de trabalho vazia, essência do mal

É um descaso do Estado que não olhou nosso estado
Param os busão lotado – Tô limpo, senhor – tiro pro alto
Praia de Ipanema, não, seus olhos me envenena
Menor perdeu a cena, vc ganhou a Sena três vez, teorema

De outro lado, uns gigantes protegendo o pé
Galinha dos ovos de ouro, a nossa pó e nem é da marca Itambé
Sobe na árvore escala os muros dos grande
O tráfico cresce, de lá de dentro mesmo se expande

Nos faltam fontes, em desespero desce a lágrima, olho salga
Sem possibilidade de justiça num país onde só sobra essa água
Mil fita na cabeça, não, não vou ceder
Da outra ponta do revólver cê então me perguntou... pq?
- BLOW

*Sirenes
*Ambulância
Ministro da Segurança Pública dá entrevista
Apagão no planeta. Confusão de verdades.

Não se sabe quem é quem
Nem em quem o dedo apontar
Pois vc sabe como é, cumpadi
Na noite, todos os gatos são pardos


21 de maio de 2018

Luxúria


Vagalume ou estrela, astro de luz própria
Te resume inteira, sensação de arco, deus, perdi as flechas

Profundo, procuro brechas
Vamos pro fundo, cortar arestas
Do mundo, queimar as bases
Sermos sobreviventes dessa guerra
Apagar o meu... fogo!
Antes que alguém acenda o... seu!
Sou Nero olhando o espelho, queimo o amor, gramática
Tantas rimas sobre dicionário, tô perdendo a prática
Praticar é necessário, como é navegar
Teus olhos me dão trabalho, pagamento é rimar
Medusa inebriando, seu perfume deixa em pedra
Mãos nas calçadas do teu corpo, deslizando, tempo leva
Garota de Ipanema, não, mulher do meu desejo
Marketing da perfeição, me pergunto o preço
Só os loucos sabem nossos pecados, não consulte os sábios
Fonte termal de luxúrias, molho tudo,
Halls, minha língua e teus lábios




19 de maio de 2018

Esquecendo likes e nikes, me lembro da vida

Vamos dançar em cima de algoritmos
Eu analisei os números, me espantei com a quantidade
Seu código binário possuía um dígito
E então, vários zeros a esquerda
Não que eu me atribua importância
Nem que os outros não tenham tido em sua vida
Mas é que vim me tornar número um
E zerar todo o resto
Teu código fonte para uns tão complexo,
Outros tentando hackear afim de sexo
Aprendi tanto na vida mas nada importa
Nossas conversas me fazem querer gabaritar vc
Não importa a língua, nem dia, nem hora
Vou arrumar dicionários para te compreender
Essa dança exige paciência,
E eu peço a sua se pisar no seu pé
É que desde menino, querendo ser deus, um código foi programado
Mas foi aí que seu yin equilibrou o meu yang,
E as merdas viraram adubo pro gramado
E então nascem flores. Design inteligente? Não
Deusas caminhavam na terra
Deusas escreveram livros
Deusas fizeram descobertas
Mas aí meninos, querendo ser deus, tomaram tudo

Escondendo tudo em pesados véus

17 de maio de 2018

Delirium

1ª PARTE

É sobrenatural. Tu, Ferrari, ferro, dama. Eu, abaixo, merda, lama. O que tenho? Vontade de vc. Vc? Um paralama.
É que meus raios de saudades rebatem na doma de seus olhos e tudo isso (pq?) não entra na minha cabeça. Minha mente organiza bem o furacão de seu olhar, os vendavais em teus cabelos, sua boca em erupção formando sorrisos (mas seu calor não me afasta... não) e na imaginação repriso cada um que tirei (venci? Ou me perdi?).
Minhas lágrimas se enxugam e se perdem em teu suor (pq corres tanto?).
Um sorriso amarelo teu me deixa vermelho (ela sorriu para mim?), roxo (se não foi, me flagelo) azul (ou a cor que você quiser).
Prometo três pulinhos para encontrar o caminho de seus braços, pular sete ondas para receber seu beijo, meu coração como oferenda ao teu corpo (vc quer?).


2ª PARTE

Mas nada é o bastante, Eva. Te idealizei, vc nem é o ideal. Eu não sou. Eu caminho com Nuit entre minhas ilusões com passes leves para não acordar Lilith de meus sonhos mais depravados (não eras a única, Eva?).

3ª PARTE

Baco me oferece um vinho com teu nome. Tomo. Não. Não tomo... Cuspo!
Me perdoe por não poder te jogar a peste. Mas a morte nos acena a cada esquina em guerra por pessoas que tem fome. E quantos tipos de fome se tem! Nesse momento, sinto fome da tua alma. Ela é ainda sua? A morte nos acena a cada esquina... onde crianças dançam. Ou serão sátiros? O cheiro de enxofre já me entope as narinas... É a morte...

EPÍLOGO

Se juntam numa mesa Caim, Brutus, Judas, Doña Marina, Heinrich Himmler, Silvério dos Reis, Pinochet, Domingos Fernandes calabar, Guy Fawkes, Aldrich Ames, Wang Jingwei, Iago e eu. Cada um confronta suas mentiras e renega seus atos, suas obras. A morte serve o último prato, pega pela mão um por vez e, enquanto nos atravessa por um corredor, apaga nossos nomes. Apaga o seu nome. Anjos cantam.

4 de maio de 2018

Detox

 Eu abandonei o vício pois foi criada uma necessidade que por muito só me diluia. Era rotina, reinvenção de palavras, um eco que por bocas diferentes ecoava. Por vezes me saciava, mais me desgastava, eu via o que era criado e só sentia um vazio virtualizado. Embasado por o que? Pra que? Misturando Hamlet e Sócrates eu digo:
Ser?
Nada sei.

Deixei a segurança que me davam suas palavras,
Eu já não falava mais seu vocabulário,
Tornado ermitão nessa selva de pedra,
Me privando senti que não deixaria mais minha sorte aos dados.
Deixando de ser um número, o que me torno? Um ponto de interrogação que vive em vc na forma de interpretação. Esquecendo os números de reconhecimento o que me torno? Imaculado.

É tanta informação que vc cai numa caixa,
Cuidado pra não cair na das maças podres,
Não se espante de se encontrar com um verme,
Demônio ideológico que habita sua casca.
Casca e não pele, um apedrejamento acaba com seu "real" criado. Não quero acabar com a sua felicidade. Ainda me coloco não para ser visto, mas para respirar meu mundo.

Respirei e senti o frio. Eu suguei o frio. Eu me tornei o frio e hipotermias aqueceram meu ânimo. Agora entre eu e vc há um gelo, não quebre. Deixe o calor da verdade de nossos olhos derreter essa guerra fria.
Percebi pq de fora a montanha congelada é tão linda: seu movimento interno. Eu agora aprecio o amanhecer longe de vcs pois perto de Zaratustra e do gelo enxergo todas as colorações de minha aurora boreal.

Será isso doença? Século vinte um e estamos tão conectados... Mas a que? Mas a quem? Mas amém!! Que suas mãos sejam cortadas enquanto seu "rezar" esteja em caracteres.
Minha arma está carregada então. E a munição pode ser reutilizada: o primeiro morre com o impacto, o segundo pelo pacto que fiz usando o sangue do primeiro. Quem terá mais fé em suas palavras?