22 de maio de 2018

Ira


Tô olhando sua caravana passar, boy
Fervilhando, sangue vai vazar, boy
Bolsa de sangue têm pro ce na sul? boy
Periferia não tem sangue azul, boy

Uma arma parada, engatilhada no farol
Meu blaser engana, tipo pipa com cerol
Abordo motorista - Preciso de informação -
Corre o ciclista, já se ligou na ação

Eu não queria ter essa necessidade
Passar os camburão, cara de paisagem
Mas se liga, observa a sacanagem
Uns ganham muito, outros de pé até mais tarde

Na briga da internet o papo de todo dia
Abordado na letargia mental, me-ri-to-cra-cia
Patifaria, como cê me explicaria
Que uns preencheram todo o tabuleiro, senzala vazia

Como se o prêmio fosse só a liberdade
Aprisionado na cidade, por necessidade
- Corre atrás agora, te dei a bola, vai lá jogar -
Sonho de ser artilheiro, mirou logo nas HK

Fábrica clandestina, as companhia dele tudo aérea
O Gol desse moleque compactua com a miséria
Segurança tem? Claro, nada oficial
Carteira de trabalho vazia, essência do mal

É um descaso do Estado que não olhou nosso estado
Param os busão lotado – Tô limpo, senhor – tiro pro alto
Praia de Ipanema, não, seus olhos me envenena
Menor perdeu a cena, vc ganhou a Sena três vez, teorema

De outro lado, uns gigantes protegendo o pé
Galinha dos ovos de ouro, a nossa pó e nem é da marca Itambé
Sobe na árvore escala os muros dos grande
O tráfico cresce, de lá de dentro mesmo se expande

Nos faltam fontes, em desespero desce a lágrima, olho salga
Sem possibilidade de justiça num país onde só sobra essa água
Mil fita na cabeça, não, não vou ceder
Da outra ponta do revólver cê então me perguntou... pq?
- BLOW

*Sirenes
*Ambulância
Ministro da Segurança Pública dá entrevista
Apagão no planeta. Confusão de verdades.

Não se sabe quem é quem
Nem em quem o dedo apontar
Pois vc sabe como é, cumpadi
Na noite, todos os gatos são pardos


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