Preso às suas presas, veneno incensa minha boca
Em sua língua sinto gosto de coca
Em minha língua, substantivo cansaço
Nossas línguas abraçam, não marcam, como marca-passo
Em outras línguas, OMS me grita OMG
Mas essa pandemia é meu vício
Tudo em demasia é indício, disse o doutor
Mas esse efeito não encontrei nos livros, não tem antídoto
Apegado a pegar sintomas vivos, imunidade baixa, remédios frívolos
Placebos. Percebo não matarem o vírus
Matam vontades eternas, sedento como Drácula, cedo suspiros
Me cedem estacas para sedar, mas como exterminar ideias?
Mudo tanto, sou coletivo e coletiva de lobos assediando uma lua nua
Atravessando o espaço com metas, como cometas, vomito estrelas cruas
UHA
Minha embaixada é o sol, minha pousada é em Vênus. Qual a via para ir a Marte? (piegas para caralho...)
COMO ESCALAR O EVEREST PRA SE PROVAR
É no pico da sua mente o maior teste a tomar
Tenho dos pés à cabeça frio, calafrios de falta de atitude a me controlar
Em meu ataúde serei só mais um nome guardado onde falta ar
Já não consigo calar esse núcleo a disparar essa batucada
Tentei o tudo ou nada, quem já foi degrau cansa de ser escada, desço
Na barca pago o preço, deixo de mim um terço e rezas para a terra
Chego ao portão e digo à morte: espera
Jogo uma semente, como outras germinadas na história
Sem sentir, sinto que sensações não são histeria, guardo na minha memória
Cresce uma árvore marcada pelas minhas lembranças, dias de luta e glória
Tomem o veneno novamente, Romeus. Pois entre ser ou não ser, escolham seu próprio destino
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